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Iniciação Científica

A CRIANÇA NO CAMPO E A VIVÊNCIA DO MST COMO PROPOSTA PARA A CENA

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2019-2020) apresentada no 26º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 17º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Daniela de Jesus Sousa

Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Ana Carolina de Sousa Castro, Tiago Evangelista de Carvalho Costa

 

Resumo

INTRODUÇÃO

Um dos maiores privilégios que tive como estudante de graduação da UnB foi o contato com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Dentro do MST se ressalta a preocupação com a educação de todos os acampados, principalmente das crianças e adolescentes, os assim chamados “Sem terrinha”. A leitura de pesquisadores que tem procurado entender o lugar dos Sem Terrinha dentro do Movimento (Ramos, 2013; Rosseto, 2016), aliada à prática do Teatro do Oprimido, desenvolvido por Augusto Boal, dramaturgo e diretor brasileiro, forneceu a base desta pesquisa. Com o suporte do projeto “Crianças Protagonistas: artes cênicas e diversidade cultural em escolas do DF”, esse trabalho se propôs a analisar o protagonismo dos Sem Terrinha dentro do MST em sua relação com a arte, por meio de oficinas realizadas no acampamento Marias da Terra, localizado na Rota do Cavalo, em Sobradinho – DF.

 

METODOLOGIA

A pesquisa se dividiu em duas frentes, que ocorreram em concomitância. Uma delas consistiu em ministrar oficinas para as crianças do acampamento Marias da Terra durante os meses de setembro a dezembro de 2019. Foram elaborados, juntamente aos dirigentes do acampamento e aos membros do Grupo de Pesquisa Imagens e(m) Cena, planos de aula tendo com o objetivo de verificar como os Sem Terrinha do Marias da Terra se viam dentro do movimento. Os planos combinavam jogos e atividades inspiradas no Teatro do Oprimido, nas práticas já desenvolvidas por outros pesquisadores ligados ao projeto “Crianças Protagonistas” e por propostas trazidas pelas próprias crianças. A segunda consistiu em levantamento e análise de textos sobre a vivência das crianças Sem Terrinha, sua identidade e seu protagonismo dentro do Movimento, e também do estudo da relação do MST com as diversas esferas artísticas (Villas Boas, 2013; Coelho, 2014, Hartmann, Ribeiro e Castro, 2020).

 

RESULTADOS

No plano de trabalho da pesquisa estava prevista a realização de uma apresentação teatral, pelas crianças, em uma escola pública do DF. Essa proposta não pode ser realizada em decorrência da própria dinâmica de trabalho com as crianças. Também houve necessidade de adaptação dos jogos do Teatro do Oprimido utilizados e ao longo dos encontros foi construído um vocabulário de brincadeiras propostas e inventadas pelas próprias crianças em conjunto com a pesquisadora. A utilização de materiais de pintura proporcionou a criação de quatro murais coletivos e diversos desenhos a partir das histórias partilhadas pelas crianças e das caminhadas feitas no acampamento. Entre setembro e dezembro se consolidou um grupo de aproximadamente 10 crianças que se faziam presentes em todas as atividades e que criaram entre si respeito, escuta e carinho pelas trocas possibilitadas através de vivências artísticas-teatrais.

 

CONCLUSÃO

Seja na área rural ou urbana, o trabalho com crianças não é uma tarefa fácil. Ele coloca a nós, educadoras, diante um espelho, mostrando nossas diferentes facetas, medos e debilidades, que muitas vezes só conseguiremos resolver na prática e na convivência durante as aulas. Trata-se de um encontro com sua criança também. Como já dito, diversas atividades tiveram de ser adaptadas e as crianças acharam na pintura um espaço para poder mostrar o que entendiam sobre si mesmas e sobre o acampamento. No último encontro com as crianças uma situação aconteceu durante uma das brincadeiras, e para analisá-la montamos um fórum com júri e testemunhas para analisar o caso. Constatei então que seria possível sim criar algo a ser apresentado, talvez em outro contexto. Porém, toda pesquisa é uma conquista e procurei aprender com cada situação que se apresentava, não desistindo de mostrar para as crianças do Marias da Terra que elas também podem, merecem e devem ter seu lugar e voz através da arte. 

 

Palavras-chave: Sem Terrinha, MST, identidade, protagonismo, arte, educação.

DIÁLOGOS ENTRE BOAL E FREIRE

O TEATRO DO OPRIMIDO COMO CAMINHO ARTÍSTICO-PEDAGÓGICO PARA UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2017-2018) apresentada no 24º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 15º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Ana Carolina de Sousa Castro

Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Dora Pinheiro Sales, Ingreth Adriano, Rodrigo Pereira Santiago dos Santos, Luênia Guedes

 

RESUMO

INTRODUÇÃO

Estamos em uma sociedade que pode ser chamada de “adultocêntrica” em que por muitas vezes a criança não é vista como um ser humano com vontades, pensamentos, ideias, inteligência. Além disso, o nosso sistema de educação pauta-se muitas vezes no que Paulo Freire pontua por educação bancária, onde se procura apenas a transferência do conhecimento e não construção crítica do conhecimento a partir de uma relação dialógica. O Teatro do Oprimido de Augusto Boal, busca a democratização teatral em prol da libertação dos oprimidos, contemporâneo de Freire, os dois autores contestam a figura daqueles que se acham detentores do Saber. Partindo destes referenciais teóricos, essa pesquisa pretende abordar a Estética do Oprimido como proposição política de arte-educação a fim de que se alcance uma educação libertadora, através do projeto “Crianças Protagonistas” compreendendo a prática no espaço não formal, com o Atelier do Brincar e no espaço formal, em uma Escola Classe.

METODOLOGIA

Durante a pesquisa foi feito o levantamento téorico dos estudos de Teatro do Oprimido de Augusto Boal e da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, como se interseccionavam na arte-educação e nas questões da infância, e dos estudos de Gênero. Compreendendo a práxis no espaço não formal, com o Atelier do Brincar, onde planos de aulas eram construídos coletivamente com integrantes do projeto a partir de temas, como os 4 elementos e os 5 sentidos. No espaço formal foi construído e aplicado um projeto pedagógico para uma turma do 2º ano do Ensino fundamental Anos Iniciais em uma Escola Classe do DF. O projeto compreendeu jogos e técnicas (teatro-imagem, introdução ao teatro-fórum) do Teatro do Oprimido, contação de histórias e a abordagem dos eixos transversais, tendo como maior foco a desigualdade de gênero, sempre como princípio norteador o protagonismo infantil.

RESULTADOS

Foi necessária uma mudança no plano que objetivava o ensino das técnicas do Teatro do Oprimido, pois era preciso a democratização de aspectos básicos da linguagem teatral, tornando a Estética do Oprimido como possibilidade metodológica. Na escola houve inicialmente um estranhamento com a nova dinâmica espacial proposta: espaço livre de carteiras, que foi se naturalizando com o tempo. Com a experiência da escuta e jogos do Teatro do Oprimido compreendi relações interpessoais e de afeto, em que se pôde observar como as construções das masculinidades estão presentes quando estas entram em conflito, assim como a importância de se estimular a troca de afetos em sala de aula. A contação de histórias, o teatro-imagem e a proposição de pequenas cenas-fórum propiciou a discussão sobre a desigualdade de gênero, assim como a questão da sustentabilidade. No Atelier as propostas eram mais livres, devido ao espaço/tempo de aprendizagem com as crianças, que diverge da educação formal nas escolas.

CONCLUSÃO

Se não queremos uma sociedade adultocêntrica, devemos escutar as crianças. No âmbito da educação é pensar na Pedagogia do Oprimido, propondo uma educação dialógica, construindo o conhecimento através da troca de saberes. Na arte-educação é pensar o teatro e a arte como um direito que precisa ser democratizado: crianças são artistas! É tornar as/os oprimidas/os protagonistas de suas transformações, lembrando que todas as opressões podem interseccionar o universo infantil, seja na escola ou fora dela, seja por outras crianças ou por adultos. É possível, então, que se faça trabalhos educativos em prol de uma educação libertadora, ainda que grande parte do nosso sistema educacional concentre-se na formação bancária. Iniciei essa pesquisa propondo um diálogo entre os pensamentos de Freire e Boal, mas o maior diálogo construído ao longo deste processo foi feito com as crianças co-autoras deste projeto e juntas construímos esta pesquisa que espero que dialogue com você.]

 

Palavras-Chave: Paulo Freire, Augusto Boal, Teatro do Oprimido, protagonismo infantil, arte-educação.

HISTÓRIAS SILENCIADAS

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E DIVERSIDADE CULTURAL EM ESCOLAS PÚBLICAS DO DF

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2017-2018) apresentada no 24º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 15º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Dora Pinheiro Sales

Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Ana Carolina de Sousa Castro, Ingreth Adriano, Rodrigo Pereira Santiago dos Santos, Luênia Guedes

 

Resumo:

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata do subprojeto da pesquisa Crianças Protagonistas: contação de história e diversidade cultural na escola, coordenada pela professora Luciana Hartmann, que visa trabalhar o protagonismo e a autonomia das crianças em sala de aula através de jogos cênicos, criação de narrativas e contações de histórias que abordem diversidade cultural, propiciando o debate e o entendimento a respeito do tema.  Com o enfoque nos jovens enquanto protagonistas, os pesquisadores/adultos se posicionam enquanto ouvintes das histórias, pesquisando com as crianças e não sobre as crianças, atuando como colaboradores e não determinadores do processo. O objetivo está na compreensão dos significados das histórias relatadas (contextualização das narrativas, possibilitando a identificação de quais fatores decorrentes da realidade socio-econômica daquela criança interferem em suas narrativas, assim como seu imaginário) e também no desenvolvimento, no buscar e no direcionar desses relatos para a área das Artes Cênicas, do fazer teatral e do entendimento e respeito à diversidade cultural. Neste projeto procurei desenvolver as reflexões práticas acerca da diversidade cultural (em específico com o ensino fundamental I), tendo como base as seguintes reflexões: quais histórias essas crianças silenciam perante essa estrutura pré-determinada de hierarquização do saber dentro da sala de aula? E quais histórias são silenciadas entre as crianças através da intolerância para com a diversidade cultural?

METODOLOGIA

A escola em que o projeto foi desenvolvido foi o CEF 04 (Centro de Ensino Fundamental). As aulas foram realizadas durante o curso de um mês, duas vezes por semana, nas terças e quintas-feiras de 16:20 até 17:45, totalizando oito encontros. Eram vinte e quatro alunos de nove a dez anos do 4º ano do ensino fundamental. A aulas foram estruturadas da seguinte maneira: •   Jogos de interação: formação de vínculo, preparação/aquecimento para as atividades. •   Momento história: a pesquisadora conta uma história e ouve histórias dos alunos. •   Experimentação artística: jogos/atividades/experiências desenvolvidas com base na história ouvida. •   Roda de conversa/ brincadeira do limão: momento de troca e partilha de sensações/ impressões sobre o encontro por meio de uma brincadeira de finalização em roda.

 

RESULTADOS

Percebo que as crianças com as quais trabalhei na pesquisa se abriram muito para novas corporeidades e novas dinâmicas de aprendizado, apesar das dificuldades ainda presentes, sinto que já avançaram muito. A contação de histórias desencadeou uma vontade de partilhar histórias/leitura por parte dos alunos muito maior, assim como agregou novos termos e conhecimentos a respeito das diferenças culturais. Os temas a respeito da diversidade cultural foram amplamente trabalhados em sala e discutidos e vejo uma noção (por parte deles) a respeito das diferenças e do respeito para com o outro muito maior! A troca entre os colegas e o respeito entre eles se deu de maneira muito mais efetiva, foi conquistada uma facilidade maior de expor intolerâncias/trabalhar/questionar questões a respeito da diversidade cultural e o preconceito para com ela.

 

CONCLUSÃO

Constato que agora que aprendermos juntos, sinto que o projeto deveria ter um tempo de duração muito maior, esse primeiro mês serviu mais para adaptação e reconhecimento e sinto que ao ir embora agora estou interrompendo um processo que acabou de começar e que tem muito espaço para se desenvolver. Mas ao mesmo tempo vejo as “sementes” da pesquisa germinarem e trazerem reverberações para além do universo acadêmico, cumprindo em si, suas funções cabíveis ao momento e nos possibilitando reconhecer o caminho adequado a prosseguir na busca por uma educação aonde os “ensinados” são também “ensi(ce)nadores” de sua própria vivência/experiência/“cena”: crianças protagonistas.

Palavras-Chave: diversidade cultural, contação de histórias, protagonismo infantil, teatro, brincar

A LENDA DE DANDARA

ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2017-2018) apresentada no 24º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 15º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autor: Rodrigo Pereira Santiago dos Santos

Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Dora Pinheiro Salles, Ana Carolina de Sousa Castro, Ingreth da Silva Adriano, Luênia Guedes, Pietra Sousa.

 

Resumo:

INTRODUÇÃO

A lei federal nº 10.639/03 sancionada em 9 de janeiro de 2003, alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação tornando obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, tanto públicas como privadas. Em seu artigo 26-A, páragrafo 2 a lei determina que “os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras” (BRASIL, 2003).  Sendo assim, procurou-se desenvolver uma proposta de abordagem que permita aos professores de arte, de história e de português do ensino fundamental desenvolver juntos aos seus alunos a temática apresentada pela lei federal nº 10.639/03.  A partir das vivências e impressões sobre o mundo narradas por 13 crianças, buscou-se estimular discussões em relação às questões de representatividade, identidade e pertencimento acerca da história e cultura afro-brasileira.

METODOLOGIA

O protagonismo e memória das 13 crianças constituiu-se como eixo norteador desta pesquisa. A expressão corporal permitiu possibilidades de contar e recontar histórias que as aproximassem de um resgaste ancestral africano. Novas masculinidades e docências surgiram a partir da interação ensino-aprendizagem. Afeto, escuta e sensibilidade permitiram o desenvolvimento de uma relação de confiança e fluidez que não imobilizasse a expressividade dos corpos e desejos durante os caminhos da pesquisa.

RESULTADOS

A contação de histórias protagonizadas pelas 13 crianças proporcionou o resgate de suas memórias e a experimentação de suas corporeidades, através da presença, da palavra e do movimento. Além disso, os elementos da história e cultura afro-brasileira abordados entre o grupo germinaram uma cosmovisão africana, que nos possibilitou refletir sobre o sentido de universo, de pessoa, de força vital, de palavra, de socialização, de morte, de família, de produção, de poder e de ancestralidade.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Espera-se que esse trabalho contribua para o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental, ressaltando a relevância da arte de contar histórias como meio de transformação social e sua importância na composição do currículo escolar. O teatro nas escolas apresenta-se como uma possibilidade de brincar, experimentar, contestar e errar. Devemos acreditar em um teatro-educação que torne nossas crianças mais permeáveis, capazes de absorverem as emoções, de sentir e compartilhar, de gerar empatia. E acima de tudo, capazes de afetar-se para afetar!

 

Palavras-Chave: teatro, cultura afro-brasileira, contação de histórias, brincar, identidade

ATELIER DO BRINCAR E A CRIANÇA PROTAGONISTA: EXPERIÊNCIAS METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DE ARTES

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2017-2018) apresentada no 24º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 15º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Ingreth da Silva Adriano

Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Dora Pinheiro Salles, Ana Carolina de Sousa Castro, Ingreth da Silva Adriano, Luênia Guedes, Pietra Sousa.

 

Resumo:

INTRODUÇÃO

A pesquisa sobre o ensino de artes no Brasil ainda é recente se comparada a outras disciplinas do currículo escolar.  A busca por metodologias para o ensino de artes é vasta e abrange áreas de conhecimento como teatro, música e artes visuais. Com o intuito de se utilizar da arte educação como possibilidade de transformação, de conhecimento e inventividade em suas diversas linguagens, proponho uma análise sobre as potencialidades do ensino de artes e suas vertentes para o desenvolvimento de metodologias de ensino que possibilitem a participação das crianças por meio de ações protagônicas. A motivação para essa experimentação surge da necessidade, como docente, em pesquisar metodologias para a vivência em arte educação.

 

METODOLOGIA

Aqui relato propostas utilizadas em sala de aula e as experiências decorrentes das vivências no Projeto de Extensão Atelier do Brincar I - Elementos da Natureza direcionado para crianças entre 6 a 9 anos, Atelier do Brincar II - Os cinco sentidos direcionado para crianças entre 4 e 10 anos e a oficina de teatro no Centro Comunitário Social Tia Angelina - Varjão/DF voltado para crianças entre 5 a 12 anos.

 

RESULTADOS

Os estímulos propostos foram relacionados a pensar sobre si mesmos, a valorizar seus saberes e transformar essa experiência investigatória em narrativas cênicas, em que o cotidiano surge como fonte de expressão artística para a valorização de sua identidade e seus símbolos. Vale ressaltar que as metodologias aqui dispostas foram criadas em conjunto pelas colaboradoras do Projeto Atelier do Brincar e foram fruto de debates, análises e trabalho coletivo.  A intenção do projeto é experenciar o arsenal de jogos do teatro do oprimido, formas de se fazer arte, contação de histórias, brincadeiras e cantigas de roda investigando possíveis metodologias para vivências em artes tendo as crianças envolvidas como protagonistas das ações pedagógicas.

 

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

Essas análises se fazem importantes para o entendimento da docência em teatro em seus diversos contextos e como o mesmo pode ser uma possibilidade para geração de reflexões acerca das metodologias de ensino existentes.   Primou-se pelo desenvolvimento de aspectos que possibilitem aos participantes uma vivência partindo de uma perspectiva em que seja possível dialogar com o meio social enfatizando o protagonismo infantil e o conceito de criança performer para a exploração da linguagem e para que os mesmos tenham contato com o fazer artístico de forma lúdica. No campo das artes a ação vivenciada nem sempre precisa englobar um fim exato. A experiência por si só já são saberes válidos. Não é possível materializar os ganhos ao fazer um exercício com vendas e paisagem sonora, por exemplo, mas é possível entender por meio da experimentação o potencial criador e poético de um corpo em construção.  Cada experiência, apesar de possuir público alvo, contextos socioeconômicos e geográficos diferenciados me levavam ao mesmo objetivo: praticar teatro abordando seus princípios básicos e utilizando a instrumentalização da linguagem artística para o fomento de ações pedagógicas.   Com essas ações desenvolvemos materiais pedagógicos e investigamos metodologias para o ensino das artes, que apesar de amplo, ainda precisa ser investigado e explorado para não se tornar um espaço de mera repetição de conteúdo.

Colaboradores: Ana Carolina Sousa; Dora Sales; Luênia Guedes; Rodrigo Pereira Santiago dos Santos.

Palavras-Chave: Arte educação; Metodologia de ensino; Protagonismo infantil; Criança performer; Teatro.

UM ESTUDO SOBRE O EMPODERAMENTO DE MULHERES ATRAVÉS DA PRÁTICA DO TEATRO DO OPRIMIDO

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2016-2017) apresentada no 23º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 14º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Ana Carolina de Sousa Castro

Orientador(a): Luciana Hartmann

Colaboradores: Emily Wanzeller da Silva

Resumo

INTRODUÇÃO 

Questões ligadas a desigualdade de gênero, assim como averiguar o potencial do Teatro do Oprimido como alternativa para se que se consiga estabelecer um diálogo de mulheres para mulheres e por mulheres, visando, assim, o empoderamento e consequentemente a diminuição da desigualdade de gênero e da violência contra a mulher na sociedade. A desigualdade de gênero faz parte do cotidiano das mulheres, busca‐se, assim, compreender como esta vem se sustentando ao longo do tempo. Para BEAUVOIR (2009) à mulher é negado o lugar de universalidade, para BUTLER (1998) as noções de sujeito e universal estão atreladas a padrões hegemônicos estruturais, etnocêntricos e masculinos. A sociedade patriarcal insere‐se numa rede de biopoder a qual promove o assujeitamento da mulher. Partindo do pressuposto que o empoderamento de mulheres é necessário para a quebra de opressões, este trabalho pretende estudar como este ocorre com a prática do Teatro do Oprimido. 

 

METODOLOGIA 

Desde o início da pesquisa desenvolveu‐se um levantamento teórico e análises bibliográficas de estudos do Teatro do Oprimido e estudos de Gênero, bem como oficinas práticas com estudantes universitárias foram propostas para a experimentação de exercícios, jogos e técnicas do Teatro do Oprimido. Busca‐se nos estudos teóricos os diversos entendimentos do papel da mulher na sociedade e soluções para a situação de opressão em que ela vive. A prática do Teatro do Oprimido estabelece‐se como uma ferramenta para alcançar o objetivo de empoderar mulheres como o primeiro passo para transformar as diversas violências de gênero.

 

RESULTADOS

Ao longo do projeto foram feitas pesquisas bibliográficas sobre as questões de gênero que ressaltaram a desigualdade de gênero como construção a partir de dispositivos de gênero e de uma rede de biopoder teorizada por Foucault. As experimentações práticas com Oficinas de Teatro do Oprimido exclusivas para mulheres demonstraram que as voluntárias que participaram das oficinas sentiam maior segurança em falar sobre as violências de gênero estando em um espaço exclusivo para mulheres (mesmo por vezes desconhecendo outras mulheres). Os jogos e demais técnicas do Teatro do Oprimido utilizados durante as oficinas proporcionaram as mulheres se expressarem e se observarem, o que levou a constante debate e reflexão durante as oficinas, sendo os assuntos mais levantados durante as oficinas: relacionamentos abusivos, símbolos de masculinidade e feminilidade, assédio moral por questões de gênero, assédio sexual, relação paterna, racismo, mulher na política.

 

CONCLUSÃO

O assujeitamento da mulher ocorre na construção da ideia de um imaginário feminino que define papéis de gêneros e contribui para a noção do sujeito universal masculino. A eficácia desse sistema de opressão se baseia principalmente na anuência “voluntária” das mulheres que são ensinadas e bombardeadas a todo tempo com informações que as colocam em uma performance feminina estabelecida por uma estrutura patriarcal. Para que esta realidade se transforme é necessário o empoderamento das mulheres para que haja o reconhecimento das opressões, a indignação e vontade de transformação dessa realidade. Logo, é preciso que as mulheres se compreendam também como sujeitos dentro das universalidades existentes. Assim, o empoderamento pode vir através de uma estética teatral visando as oprimidas: de mulheres, sobre mulheres e para mulheres, levantando questões aproximadas pelo gênero, trabalhando a empatia e força coletiva para pensar nas resoluções dos problemas causados pela desigualdade de gênero. 

 

Palavras‐chaves: Gênero; Mulheres; empoderamento; Augusto Boal; Teatro do Oprimido; Desigualdade; Performance de Gênero.

HISTÓRIAS QUE O CORPO CONTA:

NARRATIVAS DE PEQUENOS CONTADORES DE HISTÓRIAS EM ESCOLAS PÚBLICAS NO DF

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2015-2016) apresentada no 22º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 14º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.


Autora: Luênia Graciene Silva Guedes
Orientadora: Luciana Hartmann

Colaboradores: Isadora Rodrigues, Amanda Pedroza, Professoras Jeane Cristine dos Santos e Darlane Garcia.

Resumo
INTRODUÇÃO

Quais são as histórias que permeiam o imaginário das crianças? Que experiências eles gostariam de compartilhar? Existe espaço para a voz das crianças em nossas escolas? Que memórias e aventuras eles têm silenciado dentro do rigor e rotina da escola? Essas perguntas foram o ponto de partida para uma experiência sensorial de compartilhar histórias. Nessa investigação propus uma intervenção no cotidiano de duas turmas de 3º no ensino fundamental, na qual busquei estar atenta ao que se mostrava no encontro com as crianças. A escola está tão imbricada em seus conflitos – infraestruturais e político‐pedagógicos – que as vezes não abre espaço para ver e para ouvir as crianças. Propusemos nesta pesquisa uma reflexão sobre a relação do corpo‐criança com o espaço escolar a partir do olhar sensível de quem compartilha histórias e que observa o potencial de expressão do corpo. Este processo adota o contexto dos estudantes e dos acontecimentos da aula como subsídios criativos para uma metodologias.

 

METODOLOGIA

Para desenvolver essa experimentação sensorial de compartilhar histórias procurei partir da metodologia do coração abordada por Elyse Pineau (2010) e das antiestruturas metodológicas da Marina Machado (2012). Outros recortes metodológicos se integraram ao processo, como o drama como método de ensino, de Beatriz Cabral (2006) e Os jogos para atores e não atores, de Augusto Boal (1982). Esses recortes foram norteadores para uma prática híbrida e atenta ao contexto dos estudantes. Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre educação e diversidade cultural, debates no grupo de pesquisa e a vivência prática em duas turmas de 3º. Ano do ensino Fundamental. Foram quatro encontros de 1h e 30 min, divididos em três momentos: Jogo de interação – formação de vínculo, sensibilização corpórea. Momento da história – contação e escuta histórias. E a Roda de conversa – avaliação coletiva e troca de experiências. Todas as aulas eram sensíveis ao ritmo de cada turma.

RESULTADOS

Os resultados dessa pesquisa podem ser pautados pela experiência positiva resultante da vivência com duas turmas durante quatro encontros no período de um mês. Nesses quatro encontros criou‐se um ambiente propício para uma experimentação e expressão corporal mais espontânea, e também a possibilidade de conhecer um recorte cultural diverso aos seus contextos socioculturais por meio das histórias contadas. Uma vivência sensorial de compartilhar histórias, na qual os estudantes tiveram a oportunidade de experienciar com o uso de maquiagens corporais e alguns jogos teatrais. Mais que isso, oportunizou‐se um momento de partilha de experiências, não só entre os estudantes, mas também entre pesquisadores e os professores da escola, estimulando assim a troca positiva de experiências e a oxigenação do cotidiano escolar.

CONCLUSÃO

Muitas vezes a escola se mostra como um universo de corpos contidos pelos limites físicos e regras de comportamento. Estar em uma sala de aula é se deparar com 30 desejos e necessidades diferentes. Nesse contexto tão desafiador, a contação de histórias, tanto por parte das professoras quanto por parte dos estudantes, abre um universo de possibilidades de expressão e reflexão, fomenta a criatividade e se apresenta como um espaço de resolução dos conflitos das crianças. A perspectiva de vivenciar as histórias atreladas às experiências sensoriais inicialmente se apontou como um desafio, mas no decorrer da pesquisa pude perceber que não era possível dissociá‐las. Em todo o tempo o corpo‐criança reagia às sensações do ambiente, e o pensamento muitas vezes se personificava em posturas, gestos e ações. Atenta a essa circunstância, pude aproveitá‐las para experimentação das histórias e para própria reflexão dos estudantes.


Palavras‐Chave: Corpo‐criança, metodologia sensível, contação de histórias, ensino fundamental.

AS CRIANÇAS, AUTORAS DE SUAS HISTÓRIAS

 

Pesquisa de Iniciação Científica (2015-2016) apresentada no 22º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 15º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal.

 

Autora: Isadora Lima Rodrigues

Orientador(a): Luciana Hartmann

Colaboradores: Amanda Pedrosa, Luênia Guedes.

 

Resumo

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa envolveu três eixos básicos: contação de histórias, diversidade cultural e atuação na escola pública (Ensino Fundamental - de 1ª a 9ª ano). O projeto teve o objetivo de estimular, através da literatura infantil contemporânea, a autonomia, a liberdade de expressão e o desenvolvimento de processos de criação dramatúrgica por parte de alunos de uma turma do 6ª ano do CEFAB - Centro de Ensino Fundamental Athos Bulcão – localizada no Cruzeiro Novo, em Brasília-DF. Esse processo se deu através de dinâmicas ligadas à oralidade e aos jogos teatrais, procurando impulsionar o debate sobre a diversidade cultural pela criação de narrativas pessoais e de dramaturgias coletivas, numa expansão do eu para o nós, da noção de minha história para nossa história. 

 

METODOLOGIA

A pesquisa iniciou-se com uma revisão bibliográfica sobre educação e diversidade cultural. Posteriormente realizou-se a leitura de diversas obras de literatura infantil, dentre as quais foram escolhidos os livros Os fantásticos livros voadores de Modesto Máximo, de William Joyce (2012), e Todos os sons tocam a alma, de Paulo Gonçalo (2010), para serem trabalhados em sala de aula. Na sequência da pesquisa foi realizada uma vivência prática de quatro aulas com uma turma de 6º. ano do ensino fundamental. As aulas, de 1h30min, obedeciam a seguinte dinâmica: um jogo teatral, a leitura de uma história, uma atividade de estímulo à criação narrativa (individual ou coletiva) e uma roda de histórias no final, com a seleção aleatória de quem seria o narrador (“O Limão entrou na roda”). O livro Peças breves e deliciosas, organizado por Paulo Hecker Filho (1987), também foi utilizado no sentido de auxiliar o processo de criação dramatúrgica das crianças.  

 

RESULTADOS

Percebi que quando se está no lugar de um professor/condutor a reação por parte dos alunos já não é de um ambiente que dá espaço para a expressão e sim um espaço de disciplina/como deve se portar. A escola impõe regras e essas regras devem ser cumpridas, que dificilmente propiciam um espaço lúdico, um espaço que abrace aquela individualidade que não deixa de ser coletivo. O resultado foi observar que as crianças são seres autônomos em pensamento. Percebi que a própria ‘’indisciplina’’ é um meio de expressão, pois aqueles que pareciam não dar atenção eram os que mais estavam atentos às atividades e à história contada. As individualidades apareceram, seja no corpo ou na fala, e o coletivo sentiu disso percebendo o outro através da criação de suas narrativas pessoais e dramaturgias. 

 

CONCLUSÃO

Este processo foi uma experiência construtiva por proporcionar a reflexão sobre o quanto a literatura, seja oral, escrita ou representada em forma de teatro faz diferença no trabalho em sala de aula, com crianças e jovens. Quando lemos histórias abordando assuntos como ética, pluralidade cultural e diversidades de maneira a trazer para a criança e os jovens a discussão de assuntos pertinentes ao momento social-político e cultural nos nossos dias, trabalhamos com características primordiais da arte, ou seja, desenvolver a sensibilidade, olhar a sociedade e devolver a esta uma matéria passível de discussão e mudança, criando-se cidadãos críticos e conscientes. Pensar na criança como contadora de histórias ou dramaturgas de cenas teatrais é dar liberdade as suas próprias narrativas, é dar espaço as suas trajetórias individuais e também conjuntas. A relação da criança com a arte, com a Literatura Infantil, é de suma importância na sua formação humana e cultural.

 

Palavras‐Chave: Contação de histórias; diversidade cultural; dramaturgia; jogos teatrais; ensino fundamental.

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